Ei, psiu!

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O ANJO DOS ESQUECIDOS

A coisa de uns cinco anos atrás (26 de novembro de 2005) me baixou um momento "escritora de contos sobrenaturais". Não sei a que ponto foi esse tipo de "inspiração" mas hoje, relendo esse meu conto, sinto que algo me tocou na hora que escrevi. Sem querer ser pretenciosa, gostei muito do resultado. Espero que vocês gostem também.


"O ANJO DOS ESQUECIDOS"

O jovem doutor havia acabado de se formar! Estudou durante anos na mais famosa Universidade do país, estagiando nos grandes hospitais. Criado na riqueza, um dos seus maiores sonhos era levar seus conhecimentos a pessoas pobres de lugares remotos. E logo que conquistou seu diploma, assim o fez.
 
Encontrou um vilarejo próximo ao litoral com pouco mais de 50 famílias na cidade e algumas na região rural bem próxima onde à produção principal era de trigo. O jovem médico alugou uma casa pequena, porém confortável com uma sala onde seria seu consultório, um quarto com banheiro, uma cozinha e uma garagem. Perfeita para um rapaz solteiro em início de carreira. Localizava-se após o trigal, a alguns quilômetros da cidade e das casas das redondezas. O seu único bem era um carro simples. Tinha ganhado um carro 0km de presente dos seus pais quando se formou, mas precisando de dinheiro para a “vida nova” que teria, vendeu-o e comprou um mais modesto e que agüentaria com certeza as condições do solo local.

 
Em poucos meses já tinha a total confiança dos moradores da região! Era muito procurado, desde a uma simples gripe a picada de cobra. Os casos mais graves que necessitavam intervenções cirúrgicas, ele não hesitava em levar o paciente até a cidade mais próxima onde teria maior atenção e melhor atendimento. Era conhecido como “O anjo dos esquecidos”!
 
Numa noite tempestuosa, o doutor Daniel já tinha se recolhido. O vento soprava violentamente no trigal que pareciam que iriam voar a qualquer momento, fazendo o trigo envergar e ter suas folhas cortadas pelos grossos pingos de chuva. Era a trilha sonora de um verdadeiro filme de terror. O relógio na cabeceira da cama indicava pouco mais de 23 horas e a chuva não dava nenhum sinal que iria cessar. Daniel sonhava quando ouviu um som bem longe, como batidas na porta e uma voz muito fina. Quem seria naquela hora e com aquele tempo? Levantou-se e foi em direção a porta: “Com certeza é um sonho; sinto meu corpo muito pesado”, assim pensava o jovem enquanto dava passos em direção a porta. Uma menina, molhada até os ossos, tremia e chorava pedindo socorro:

-- Doutor! Salve minha mãezinha!

-- O que está dizendo menina? Quem é você e de onde veio?

-- Moro na primeira casa após o trigal, no outro lado do ribeirão! Minha mãe está morrendo! Precisamos ir logo a pé, pois o carro não pode cortar caminho pela plantação! Por favor, por caridade, me ajude! Minha mãe vai morrer!

A menina tinha razão. O local era muito acidentado e com aquela chuva a ponte que cortava o ribeirão poderia ceder graças à chuva e a fragilidade da estrada sem asfalto.

-- Venha! Não podemos perder tempo!
 
Dizendo isso, a menina correu em direção ao trigal feito louca sem olhar para trás. O médico ainda chamou pela menina, mas foi em vão. Teve apenas o ímpeto de pegar a maleta de primeiro socorros. Ele foi seguindo a criança pelo meio do trigal sob forte tempestade que parecia ter aumentado. Apenas os raios mostravam a direção que a menina tinha tomado, pois a escuridão era assustadora. Depois de aproximadamente uma hora correndo ele avistou uma casinha de pau a pique iluminada apenas pela fraca luz de uma vela em um dos poucos cômodos. No canto de onde deveria ser a sala estava uma senhora muito fraca, aparentando desnutrição, deitava em uma desconfortável cama de madeira e panos grossos, sem nenhum colchão. Ao seu lado uma cadeira, um prato, um garfo e raspas de comida que deveriam estar ali, no mínimo a uns quatro dias.
 
Os poucos móveis cheiravam a mofo e tudo parecia muito sombrio. Se ele não tivesse visto a menina entrar na casa e encontrado a pobre senhora nunca imaginaria que naquela velha tapera poderia morar alguém. Trouxe um cantil, a maleta com alguns remédios e algumas frutas, que foram amassadas com o garfo no prato que ele lavou com alguma água do cantil. Essa romaria para salvar a pobre senhora tomou a noite toda, ao ponto que ele esqueceu da menina.
Na manhã seguinte, pouco antes das nove e trinta, a mulher acordou ainda muito fraca, mas ao ver o médico sentado ao seu lado no chão e com a cabeça em cima da cama dormindo profundamente, ergueu a mão e acariciou seus cabelos tentando acordá-lo.

-- O que faz aqui meu jovem?

-- Nossa! -- Disse sonolento -- Que bom vê-la reagindo! Juro que pensei que a perderia! Vou para a cidade entrar em contato com o hospital da capital para interná-la, pois sua saúde inspira cuidados! Estava fraca e desnutrida. Não sei o que seria se a menina não tivesse pedido socorro!

-- E nesse fim de mundo alguém conseguiu me encontrar? Moro sozinha, não sei como me achou!

-- Pois agradeça a coragem de sua filha que cruzou todo o trigal a minha procura debaixo de uma tempestade que, de tão horrível, poucos homens se arriscariam sair de casa seja para o que fosse!

Ao dizer isso, a mulher ergueu o tronco da cama numa velocidade que o seu corpo não a permitia naquele momento. Seus olhos saltavam das órbitas e seus lábios tremiam...

-- Não consigo entender... A Marcinha?... Como era essa menina?

Vendo que a mulher fez a pergunta com os olhos rasos d’água, Daniel foi o mais cuidadoso possível ao descrevê-la, mas não tinha prestado muita atenção na menina:

-- Só me lembro que ela tinha os olhos grandes e castanhos como os seus, cabelos negros e compridos e a pele bem alva...

-- IMPOSSÍVEL!!! -- Interrompeu a senhora com um grito de incredulidade e dor! Chorava copiosamente sem conseguir pronunciar algo compreensível.
 
Encontrou forças para erguer o braço e apontar para uma cortina no outro lado da sala. Olhando apavorada para o médico disse em voz baixa com medo:
 
-- Minha Márcia me deixou a uns seis dias! Nesse prato estava a última refeição que fiz para ela. Minha Marcinha trouxe o prato até aqui ainda cheio para que eu pudesse comer as sobras e também não ficar com fome, me deu um beijo na testa, foi para o quarto e nunca mais a vi. Não conseguia me levantar desde então e toda vez que eu a chamava não tinha resposta. Não sei o que aconteceu!

Ouvindo isso, Daniel em um impulso maior que seu pavor, se dirigiu à cortina e a levantou. Levou as mãos à boca e arregalou os olhos querendo ter certeza daquilo que via: A menina que o chamara na noite anterior estava deitada de lado voltada para a porta em uma cama improvisada com os cabelos e o rosto completmente encharcados; suas pernas e braços tinham arranhões e cortes como se tivesse corrido no meio do mato desesperadamente. Seu vestidinho azul desbotado, o mesmo que usava no dia que foi chamá-lo, estava ainda muito molhado e colado ao corpo que já apresentando sinais de decomposição. Seus olhos voltados para a porta pareciam vigiar a mãe dali do seu simples quartinho. Em suas mãos um galho de trigo e um pequeno papel com uma mensagem que fez o médico, que apenas acreditava no corpo físico e em tudo aquilo que tinha aprendido na Universidade, dobrar os joelhos e chorar feito criança com a pequena folha colada ao rosto. Nela apenas garatujas firmes, porém compreensíveis descreviam o sentimento da menina que, agora, estava ali inerte:

-- Obrigada meu anjo... Deus lhe pague!

Beijo na boca dos Gatos, Abracinhos nas Amigatas e, hoje, esse post vai especialmente para o meu Tio Orandir! Feliz Aniversário Tio!!!

2 comentários:

  1. PLAGIOOO PQ ESTE LIVRO JA EXISTE A MUITO TEMPO COMO ESTE MESMO TITULO AHHAHAHAHAHA

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  2. Eu não o conheço. Posso até, por engano ter copiado o título, mas o texto é meu
    Pra caracterizar plágio, o texto deveria ser igual linha por linha, vírgula por vírgula o que, com certeza, não é o caso.

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