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sexta-feira, 8 de abril de 2011

VERDADES E MENTIRAS SOBRE A DOR. E O PODER


Pensei em começar esse post ontem mas, até poucos minutos atrás, estava meio que embasbacada com a nossa fragilidade e ao mesmo tempo o poder dos seres humanos. "Poder" no sentido de causar tanta dor em exatos trinta minutos. Dor em pessoas que sentiram na pele tanta fúria, viram sua prole ferida fatalmente e apenas observadores, expectadores de uma cena que nem mesmo Stephen King no seu maior pesadelo conseguiria descrever. Pouco depois das oito da manhã do dia 7 de abril um rapaz de 23 anos entrou numa escola em Realengo (Tasso da Silveira) e promoveu um massacre. A matemática dessa tragédia abalou até os policiais mais experientes em invasões a comunidades e confronto com traficantes: 10 meninas e, até agora, 2 meninos mortos e, graças a um policial que foi chamada por um menino ferido, a desgraça não foi muito maior. O assassino foi alvejado com um tiro no abdome e, vendo-se acuado, deu um tiro na cabeça.

Quando soube da notícia estava na sala de aula com os meus pequenos que ontem, por menos que a gente tente não se envolver, vi como uma continuação minha, de tudo que eu passar eles repetirão nem que seja para puxar assunto com os pais em casa. A Elisângela (professora de outra turma e muito minha amiga) entrou na minha sala perguntando se eu conhecia bem Realengo e se eu conhecia uma escola chamada "Tasso alguma coisa". Após minha afirmação ela comentou que o seu marido tinha ligado comentando a notícia da TV. Desde então minha cabeça lateja e sinto meu corpo preguiçoso com medo de dar o passo seguinte. Como uma pessoa a quilômetros de mim consegue ter esse "poder" de me desestruturar? Fiquei pensando se eu que não estava lá assistindo tudo fiquei daquele jeito, como estariam as pessoas que viviam a situação no momento? Esse foi o minutinho que minha ficha caiu, fui para o banheiro e chorei como a muito não fazia...

Ouvindo os pais comentando os sonhos de cada filho, cada criança que se foi, era de rasgar a alma. Lágrimas, palavras, gestos não cabiam ali para descrever tanta dor. Um senhor de oitenta anos, no cemitério enterrando o bisneto comentou que "a gente pensa, acredita que eles vão nos enterrar mas nunca o contrário. É a ordem natural das coisas". Volto a dizer: que "PODER" é esse de colocar um senhor que achava ter visto tudo na vida enterrar o próprio bisneto? Na carta do rapaz que promoveu essa barbárie era um misto de coisas desconexas, fanatismo religioso e hipocrisia macabra. Dizia que "os impuros não poderiam tocá-lo sem o uso de luvas" e pedia perdão pelo que fez, já caracterizando a premeditação. O estranho que ao mesmo tempo que me faz um mal incrível olhar para a foto dele nos jornais e na internet, não consigo sentir nada por ele. Ódio, nojo, raiva, pena, desprezo, não sei dizer o que sinto além de um medo profundo de uma pessoa que com os olhos pedia ajuda, os familiares viram que as atitudes dele não eram normais e deixou passar sabe-se lá Deus porque... Hoje dezenas de famílias pagam pela negligência dos pais dele. Família não é só pra dizer que você tem pai, mãe e irmão. Você TEM QUE SER pai, mãe e irmão em TODAS as horas! A gente tá falando de gente e não de uma lombriga!

A tempos que não rezava... Conversava com Deus do meu jeitinho peculiar pois sempre acreditei nas palavras que saem do coração e fazem som na boca ou às vezes no silêncio... Mas depois desse caos emocional, de não ter vivido mas sofrido como qualquer ser humano com 2 ml de sangue nas veias, eu catei um cantinho na escola e rezei um Pai Nosso e uma Ave Maria. Bati um papo com "O Cara" pedindo que receba com tranquilidade os pequenos que, com certeza, nem sabem direito como chegaram a nova morada. Pedindo também aos pais dos que foram tenham força, coragem e pelos pais do que ficaram para que beijem seus filhos, abracem seus netos, conversem com seus sobrinhos, sejam a válvula de escape da "adolescência aborrecente" deles. Ainda bem que não acredito que Deus exista SÓ nessas horas. Ele existiu em cada um que evitou que essa tragédia fosse bem maior do que deveria ser. Do policial que abateu o rapaz, o motorista da Kombi que chorou ao ver que não cabia mais ninguém na caçamba do veículo que ajudou a ambulância no transporte dos feridos até o hospital e até a "tia" que mora na frente da escola que invadiram sua casa e teve alunos escondidos embaixo da sua cama tal era o desespero. Que Deus vai fazer sua parte em cuidar desse povo isso eu tenho certeza, mas rezar mais um pouquinho para que outra monstruosidade dessa não se repita... Nunca mais em lugar algum...
Géssica Guedes Pereira


Milena dos Santos Nascimento, 14 anos: Adorava cantar e queria ser artista

Larissa dos Santos Atanázio, 13 anos: Inteligente e caprichosa, a adolescente não gostava de faltar às aulas.

Mariana Rocha de Souza: Vaidosa e estudiosa, Mariana desejava seguir a carreira de modelo

Luíza Paula da Silveira Machado, 14 anos: Fã de Ivete Sangalo, era elogiada pelo alto astral e sonhava com a festa de 15 anos

Igor Moraes da Silva, de 13 anos: Apaixonado pelo Flamengo, Igor queria ser jogador de futebol

Karine Lorrayne Chagas de Oliveira, 14 anos: Fazia aulas de atletismo no quartel da PM de Sulacap

Rafael Pereira da Silva, 14 anos: Para o futuro, Rafael desejava trabalhar na área de informática

Bianca Rocha Tavares, 13 anos: Bianca morreu após levar um tiro na cabeça . A irmã gêmea está internada

Samira Pires Ribeiro, 13 anos: Samira era uma das melhores amigas de Larissa dos Santos Atanásio

Ana Carolina P. da Silva: Foi a última vítima fatal a ser reconhecida

A todos esses anjos e seus familiares, que Deus os conforte nesse momento tão doloroso.


Beijo no coração de todos!



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